domingo, 23 de outubro de 2016

Já estava no tempo.

O querer escrever tornou-se violento, as palavras não se conjugam e os sentidos atropelam-se num apertado silencio que sufoca o mais pequeno desejo.



Dizem que aprendemos com o passar do tempo, que o nosso caminho é feito passo a passo. Que tudo surge num determinado momento, por uma determinada razão. Mas, e se carrego este duro peso por precisar de provação? Sei bem o quanto há a mudar em mim e nos meus passos, sei bem os quão sós se sentem os meus desejos, de crer mais e melhor mas que acabam mesmo sós, por não conseguirem ser acompanhados pela Acção de mudar.

Há muito tempo que não me sentia tão aconchegada a escrever, este meu cantinho está a moldar-se a cada traço de mim, este cantinho cada vez mais é meu. Mas, a solidão do meu espaço faz tanto eco nos meus pensamentos que me assusto e abro logo a janela, para me lembrar que há demasiada coisa importante lá fora… Onde preciso ir e de preferência sem medos.
Acho que é isso, este tempo é de luta e protesto contra os medos que existem em mim, medos que vivem na sombra e no mundo acima da realidade.
Quando me deixo perder na razão, entendo que o vazio também se constrói e eu própria o construo ao recear caminhar nestas novas ruas, que já deviam ser minhas há mais de um ano.

Não é tarefa fácil para o ser humano admitir culpa no seu próprio fracasso, normalmente torna-se sempre mais fácil culpar os meios envolventes, o tempo ou que resta dele; , as pessoas ou atitudes;  o trabalho ou a falta dele; a sorte ou o que lhe chamam. Mas na verdade, o fracasso ou a sensação de fracasso vem da incapacidade de atingir os NOSSOS próprios objectivos, de ultrapassar-nos em determinado ponto em determinada altura. Advém da falta de sentir a sensação de acordar ansioso por mais um dia, assim como a desejada possibilidade de adormecer realizado. Tudo isto é fracasso pessoal numa vida cheia do que poderá ser. 

                                                                                                                                                    Ella. 




sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Escolhi escrever novamente .

[Há tempos que não escrevo, foi um final de ano "mexido", de reajustes a nova cidade, a novos hábitos, a novas pessoas. A novos começos.. atribulados e vazios simultaneamente feliz.
Este papel é mesmo assim, só consegue ser útil quando surge um momento de "lucidez linguística"
Hoje escrevi vários rascunhos, deve ter sido de estar só e no meu cantinho ...(  - que já ganha formas e confortos particulares , a propósito. ) O frio é mais que muito, a serra já se vê branca e as imagens que capto diariamente ajudam os dias fluir. ]

https://www.youtube.com/watch?v=Hh-0y8Qe0Sw

Escolhe as tuas palavras, assim como escolhes os teus actos.
Frio mantém o nosso corpo alerta e a nossa mente desperta, para sentir e para agir.
O cansaço escolhe fases, e nós escolhemos a forma de lidar.
Não sei bem se digo as coisas pela ordem correta ou se acerto no que digo. Nunca se dá conselhos que não sejam reciclados por nós mesmos.
A ironia das pessoas ou em pessoas… estou indecisa.
Troquem a ordem, troquem o sentido. Há demasiadas voltas viciadas, há poucas imagens iguais as que vejo e não consigo passar a palavras. Desviem o sentido da razão. Há demasiada atenção alheia.
Sonho com sonhos improváveis que me permitem sair deste mundo e me levam literalmente para o faz de conta, acordem a vida está por baixo da almofada.
Se perguntarem por mim, estou a descobrir como fazer mudanças e aceitar que está em mim o sujeito activo do presente.

Pudesse eu transcrever apenas os pensamentos que me fazem companhia todos os dias, teria mil papéis todos os dias. Mas ainda estou a conseguir lidar com a incapacidade de transcrever esta língua. 

Deixem lá os clichés de zonas de conforto, vivam se faz favor e vão aprendendo com quem têm ao lado e com aquilo que fazem a vocês mesmos. – este conselho já é reciclado. 

Ella. 

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Voltas de uma nova realidade

Fazer-nos ao destino tem coisas .

Troquei a planície dourada pelos ares da Serra.
A calçada que se confunde nas casas de pedra - por vezes já gastas - onde habitam histórias de passados misturados com o que o futuro vai trazendo... Sou eu agora quem as percorre.
Embarquei numa aventura que nem eu sei bem o que me fez. Só sei  o que me traz todos os dias : sorrisos e certezas que quero crescer mais e mais nesta profissão que escolhi . Ninguém me disse que seria fácil, e todos os dias é um equilíbrio entre o saber o que fazer e a frustração de não entender .

Sei bem que novas fases são um turbilhão de sensações, de descobertas. As imagens  e os "quadros" que se pintam e que me surgem diante dos meus olhos,  fazem-me sentir no sitio certo ao mesmo tempo que o vento frio me faz sentir aquele pequeno vazio.
Dormir em paz plena é a melhor coisa desta nova página. Sentir que consigo agarrar o que surge, sentir que de mim se espera algo de grande e que me fará crescer . É-me impossível transmitir o que sinto quando o dia vai correndo .

As memórias que trago na mochila ajudam-me a querer criar mais e melhores, mas principalmente fazem-me sentir reconfortada quando a única coisa que me ilumina é a luz fusco do quarto .
Três semanas , três semanas que vivo aqui.
Três semanas em que penso que preciso criar .
Três semanas de um lugar onde a família está perto.
Três semanas que me superei .
Três semanas em que tentei e consegui voltar a escrever.. - e mesmo assim não consegui escrever tudo.



Se um dia eu  pensasse  que estaria a escrever nesta janela (mesmo que temporária) eu não acreditaria!  Dissessem-me  que iria viver numa cidade onde a neve será companheira no Inverno rigoroso , eu ria-me. Se me convidassem  a criar algo novo no meio de algo que ainda estou  a descobrir e entender bem o que é na realidade... Eu iria ponderar  se conseguiria ser feliz e depois.. depois eu  ia! 


Hoje senti-me com vontade de deixar palavras, até onde as saudades vão e para onde quero chegar. 
Feliz estou  e sem saber bem ... Mas aprendo mesmo que devemos viver felizes com o que existe em nós e com o que temos e não  com o que esperamos que aconteça! 





                                                                                                 Ella.